Citações | quotes 1985

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Estados Unidos da América, Nova Iorque, 1952. Fotografia: Allan Grant [1919-2008] / LIFE

Uma questão de realidade: Sinatras e Piafs portugueses | «Por isso é que eu canto o fado. É o destino. Portugal não tem esse meio artístico [dos Estados Unidos da América], mas tem muitos artistas a pretenderem ser artistas “estrangeiros”: uns querem ser os Frank Sinatras outras julgam ser as Piafs portuguesas… e têm um enorme apoio! Eu, a única coisa que realmente tive sempre foi o público, que me escolheu desde o princípio. Conheci gente a quem diziam “venha cá daqui a 15 dias”, e eles voltavam, “venha cá daqui a um mês”, e eles voltavam. Se me tivessem dito isso uma só vez, eu não voltava nunca mais. Pensava logo que as pessoas não me queriam, que eu não prestava para nada. Mesmo com a carreira que já fiz, com as provas mundiais que tenho dado, estou sempre à espera que as pessoas não gostem.»

Semanário, Lisboa, 21 de Setembro de 1985, «Amália, por vontade de Deus», entrevista por Maria Elisa.

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Allan Grant

 

 

 

Acerca de Allan Grant, cronista fotográfico de Hollywood: Ben Cosgrove, «Allan grant Life Magazine’s great chronicler of Hollywood», Time, Nova Iorque, 12 de Outubro de 2012, online.

 

Acerca de Amália Rodrigues| about Amália Rodrigues: Paris, Olympia, 1985

Portuguese Singer Amalia Rodriguez
Paris, Olympia, 11 de Setembro de 1985. Fotografia: Françoise Duc / Corbis

«Sept ans d’absence de Paris, c’est assez longue pour parler de retour. Amalia Rodrigues a de nouveau son nom en lettres rouges accroché sur la façade de l’Olympia jusqu’à ce soir. Amalia n’a pas le souci de dissimuler ses soixante-cinq ans: le fado n’a pas de rides, elle le chante, le souffle, plus vacilant il est vrai, comme ce jour de 1956, où elle apparut pour la première fois sur la scene de… l’Olympia. Elle n’était que vedette américaine. Du jour au landemain, et en l’espace d’une dizaine de chansons, elle a supplanté la tête d’affiche. La presse ne jurait que par elle, et le public le faisait déjà une ovation debout.
Amalia Rodrigues est sans doute un cas unique dans la musique: trente ans plus tard, elle est toujours la seule vedette internationale de son Pays. Au Portugal, c’est un véritable monument : un double de ses plus grands succès récemment s’est vendu à 100 000 exemplaires en trois semaines. Compte tenu de la population de Portugal, du pouvoir d’achat et du prix du disque, c’est comme si une de nos stars vendait deux millions d’albuns  en moins d’un mois! “Là-bas, je fais  partie des meubles. Il y a quelques mois, je suis allée assister au spectacle d’un chanteur brésilien [Caetano Veloso, Lisboa, Coliseu dos Recreios] qui chante un de mes fados. Quand les 6000 personnes , des jeunes de 15 à 20 ans, ont su que j’était-là, ils m’ont fait la plus belle ovation de ma vie.”

Rémy Kolpa Kopoul, «Amalia Rodriguez Lady sings the fado», Libération, Paris, 14-15 de Setembro de 1985.

 

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Libération, Paris, 14-15 de Setembro de 1985. Fotografia: Jorge Muchagato

 

 

 

 

Citações | quotes, 1983

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Paris, Olympia, Setembro de 1985. Fotografia: Charles Ichaï

 

A renovação do fado está dentro das pessoas | «– Acha que o fado pode modificar-se? Como é que encara as tentativas de renovação que têm sido feitas?
– Penso que não estão a resultar. Acho que a renovação está dentro das pessoas. Se quem canta traz qualquer coisa de original, aí existe uma renovação. Agora o propósito de renovar… Um propósito é uma atitude e isso não chega. Como é que alguém pode dizer: “Agora vou ser inteligente”? A história do fado tem muito que se lhe diga e, ao mesmo tempo, não tem nada. O fado precisa de tudo o que a gente tem para dar, mas é necessário que essas coisas sirvam para o fado. Porque, no fundo, há um padrão de bom gosto e outro de mau gosto. Eu sei que, através de mim, o fado já teve muitas mudanças, sem que eu me propusesse a isso. Aconteceu. Eu faço sempre as coisas da forma como gosto, sem pretensões de fazer assim ou assado… Eu não sei nada de nada, mas tenho alguma intuição. De outro modo, não estava aqui a falar consigo há tanto tempo.»

 

Sete, Lisboa, 1 a 8 de Novembro de 1983, pp. 1, 14, 15, «Amália ao “Se7e” Nunca tive uma atitude fadista» [1.ª pág.] / «Entre uma “lágrima” e os “perompomperos” Amália Rodrigues: “Gostava de ser cigana”», entrevista por Viriato Teles, fotografias de Inácio Ludgero.